Teste: Iveco Stralis NR Eurotronic

Iveco oferece câmbio automatizado no top Stralis NR 460 de olho no crescimento de vendas e na falta de mão-de-obra especializada
por Eduardo Rocha
Auto Press
Motorista tem aos montes por aí. O que está em falta no Brasil são operadores de veículos pesados. Estes, em geral, são formados pelos próprios frotistas e, se forem bons, economizam montanhas de dinheiro para as empresas onde trabalham. Uma conta rápida: um caminhão rodoviário pesado roda em média 200 mil km por ano e consome um litro de diesel a cada 2,5 km. No total, são 80 mil llitros de diesel/ano. Se o sujeito que aperta o acelerador souber dosar e consumir 5% de combustível a menos que a média, serão 4 mil litros economizados. A Iveco acredita que a versão Eurotronic, com câmbio automatizado de 16 marchas, pode transformar um motorista comum nesse cobiçado “super motorista”, mais eficiente e lucrativo.
A versão Eurotronic, a princípio, chega apenas no modelo “top” da linha “top”, o Stralis NR 460, nas versões 4X2, 6X2 e 6X4, sempre trabalhando com o motor de 13 litros turbo, de 460 cv – as configurações de 380 cv e de 410 cv, por enquanto, não recebem a novidade. O preço do sistema adiciona ABS e R$ 17 mil ao preço final do veículo. Uma gota diante dos R$ 430 mil iniciais do modelo 4X2 – a versão mais cara, 6X4, começa em R$ 542 mil. Seguindo a conta inicial, essa diferença seria compensada em pouco mais de dois anos, se for contabilizado apenas o combustível – em certas aplicações, a fabricante de caminhões do Grupo Fiat prevê até 7% de economia sobre o câmbio mecânico tradicional. Só que a Iveco promete mais. Em média, a embreagem dobraria a vida útil e o eixo traseiro ganharia 50% de sobrevida.
Outras montadoras de pesados já oferecem câmbios automatizados no Brasil – como o PowerShift da Mercedes-Benz e o I-Shift da Volvo. E foi exatamente o sucesso de vendas desse gênero de equipamento que convenceu a Iveco a apostar no câmbio AS Tronic – que equipa a versão Eurotronic. Afinal, quase 40% dos caminhões pesados top de linha são vendidos com este gênero de câmbio. E é exatamente este o mix que a Iveco inicia a distribuição do seu sistema automatizado.

Para desenvolver o componente, a Iveco repetiu a parceria que já tem na Europa com a fabricante de autopeças alemã ZF. Foi ela quem criou o câmbio AS Tronic. E as duas empresas apontam como principal vantagem do câmbio da ZF sobre os demais oferecidos no Brasil o fato de ter 16 marchas, contra 12 das rivais. Até 2014, a montadora com sede em Sete Lagoas, Minas Gerais, acredita que 80% dos caminhões da categoria sejam automatizados.

O AS Tronic tem um a lógica similar à usada dos câmbios automatizados de automóveis. Um mecanismo aciona automaticamente a embreagem e promove a troca de marchas, buscando sempre a otimização do trabalho do trem de força, seja para a economia, seja para melhorar a velocidade média naquele trecho específico. A interface entre o operador e o câmbio se dá através de três botões instalados no painel, para colocar a transmissão em Drive, Neutral ou Rear – D, N ou R.

Com este novo recurso, a Iveco imagina que sua participação no mercado de pesados vá crescer substancialmente. Mesmo antes da chegada do Stralis NR Eurotronic ao mercado, as vendas da marca subiram bastante, a ponto de a participação no mercado geral de camimhões passar de 5,7% para 8,1%, na comparação entre os primeiros trimestres de 2010 e 2011. A aposta da Iveco é chegar às 3 mil unidades do Stralis NR Eurotronic e elevar fortemente o market share, o que aumentaria as vendas do modelo das 5.850 unidades em 2010 para 7.500 em 2011.



Primeiras impressões

O pé esquerdo


Comandatuba/Bahia
 – O câmbio automatizado de um caminhão pouco tem a ver com o de um carro. Para começar, o de automóveis é uma adaptação de uma transmissão já existente – acopla-se um acionador mecânico da embreagem e das marchas. Em um caminhão, um sistema desses não duraria nada. As forças envolvidas em uma máquina capaz de tracionar 80 toneladas são muito maiores – o torque do motor do Stralis é igual ao de 20 motores 1.0. Daí a ZF ter desenvolvido um câmbio específico para ser automatizado. As alavancas hidropneumáticas que acionam a embreagem e trocam as marchas são internas. O conjunto de engrenagens tem quatro marchas básicas. Um mecanismo anterior às relações cria as meias-marchas, o que dobra o número de velocidades para oito. Outro conjunto de engrenagens, entre o câmbio e o cardã, cria um segundo diferencial, o que dobra novamente o número de marchas, que aí alcançam as 16.

É esse complexo sistema que torna mais impressionante o minimalismo dos comandos do Erutronic. Três botões à direita no painel controlam as marchas, uma alavanca na coluna de direção, também à direita, regula o freio-motor e os pedais de acelerador e freio completam os controles. Com a mão esquerda, ainda pode-se mudar o mostrador do pequeno computador de bordo, que tem informações sobre o turbo e o consumo instantâneo. Já o pé esquerdo é completamente inútil.


No pequeno test-drive, nas proximidades da Ilha de Comandatuba, o Stralis apareceu seminu. Ou seja, apenas o cavalo. A experiência serviu mesmo para ver o AS Tronic em ação. Através de alguns dos inúmeros sensores que monitoram o Stralis, chega a informação ao computador central que não há carga ou reboque. Resultado: o sistema decide que é melhor arrancar logo de terceira. Depois, vai para quinta, oitava, décima-primeira, décima-quarta e, finalmente, décima-sexta. E é nessa posição que o câmbio fica, mesmo ao encarar uma leve subida. Realmente, sobra torque. Nas frenagens, as reduções também vão aos pulos.

Ali, atrás do volante, no fundo não há muito o que fazer. É só uma questão de controlar a velocidade e a trajetória, tirando proveito da boa comunicação da roda com a direção e da enorme capacidade de frenagem – afinal, o sistema foi pensado para segurar 80 toneladas, mas estava servindo a um cavalo mecânico que tem entre 7 e 8 toneladas. Dentro da espaçosa boleia, o barulho de fora quase não se apresenta. Pode-se usufruir em paz da maciez dos bancos, do som e da paisagem vista lá do alto. Se todos os caminhões fossem assim, não haveria nenhuma dificuldade de encontrar gente disposta a dirigi-los.

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