Financiamento de carro

Melhor condição para financiar carro vale mais que ‘soluço’ nos impostos

Carros da Fiat à venda em março de 2010, quando vigia outra redução de IPI: tudo no zero a zero
Uol Carros- Quem, de fato, usou o bom humor para definir os altos e baixos do mercado brasileiro de veículos foi o presidente italiano da Citroën do Brasil, Francesco Abbruzzesi: “Já aconteceram mais coisas no Brasil, em cinco meses, do que na Europa em cinco anos”. Ele se referia ao pacote que governo, indústria automobilística e, indiretamente, as instituições financeiras acabaram de anunciar para reanimar as vendas internas.
Entretanto, houve diferenças em relação a acordos anteriores aqui e mesmo no exterior, onde corte de impostos visou à renovação da frota. A principal novidade é que a indústria, além de obviamente manter empregos, concordou em descontos adicionais de 2,5% para automóveis até 1.000 cm³ de cilindrada; 1,5% entre 1.000 cm³ e 2.000 cm³; e 1% para comerciais leves (picapes e furgões). Utilitários esporte (SUV) são considerados automóveis para efeitos fiscais.
Na prática, os valores sugeridos de tabela, somadas as reduções provisórias de IPI, cairão em torno de 10%; 7% (flex) e 8% (gasolina); e 2% para os três segmentos citados. Carros com motores acima de 2.000 cm³, nacionais ou importados, não foram contemplados. Os importados nos três segmentos receberam descontos de IPI também, não na mesma proporção. Note, ainda, que motores flex tiveram redução nominal de IPI inferior aos a gasolina.
Nas rodadas de corte de IPI de 2008 e 2009, a indústria nada ofereceu em descontos adicionais nas tabelas. Esse é um ponto positivo e pode desencadear mais promoções, além das que já ocorriam para diminuição dos estoques. As medidas de estímulo valem até 31 de agosto próximo e será interessante ver o que acontecerá depois.
Por causa dessas negociações a Anfavea tinha decidido adiar a revisão de previsões de crescimento de 4% a 5% para este ano. Algo em torno de 3% parece, agora, factível. Ainda assim será difícil por exigir vendas mensais médias, até o final do ano, sempre acima de 320 mil unidades (incluídos caminhões e ônibus).
NO GRITO NÃO DÁ
Maior impacto que o preço, porém, vem das novas condições de financiamento. O governo liberou uma parte do empréstimo compulsório dos bancos, voltou a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para 1,5% (antes 2,5%) e reduziu exigências de reservas bancárias para o valor de entrada baixo nos parcelamentos. Volume extra de dinheiro para emprestar é mais eficaz do que tentar baixar as taxas de juros só no “grito”, como se queria antes.
O retorno (tímido, acredita-se) dos empréstimos de 60 meses sem entrada ajudará, mas o valor da prestação menor para quem puder oferecer o carro usado como entrada será o verdadeiro alavancador das vendas. Além de preço vantajoso nas compras à vista, que são cerca de um terço do total.
Finalmente, repete-se aquela velha história de “renúncia” fiscal do governo. Diz que abriu mão de impostos, mas na realidade não ia arrecadar mesmo, pela queda das vendas. O efeito prático é neutro: menos impostos significam mais vendas e arrecadação igual. Redução do IOF sobre financiamento parece definitivo, porém é hora de, além do IPI federal, também governos estaduais reverem ICMS e IPVA. De soluço em soluço na política de impostos, nada se resolve em definitivo.

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